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quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A vida que nos transforma?

A vida é mesmo uma SENHORA AVENTURA… Quantos altos e baixos… Qualquer comparação com Montanhas Russas é eufemismo perto do que passamos nessa jornada dentre pares e ímpares… Talvez "roleta russa" fosse mais adequado... =P

E é justamente essa mesma vida que nos muda, nos transforma… De seres inocentes, amáveis e gentis nas mais variadas misturas possíveis…

Sucessos e conquistas nos tornam mais confiantes, frustrações mais retraídos, decepções mais enrijecidos… Tristezas nos trazem mais insegurança, alegrias nos trazem certa dose de irresponsabilidade…

Não me canso de impressionar com a capacidade que as interações com nossos semelhantes são capazes de nos moldar… 

Óbvio que o que se espera de nós, ao alcançarmos uma maior maturidade, é ser capaz de não se deixar afetar pelas ações, omissões e comportamentos do outro, felizmente, ou infelizmente não nascemos velhos e morremos jovens… Deve haver alguma razão superior para a ordem como as coisas acontecem… E dentro dessa sabedoria espera-se que, antes mesmo de sermos maduros, passemos pelas mais diversas experiências de aprendizado e crescimento… Alguns saem dessa fogueira melhores, outros piores… Todos, no entanto, diferentes…

E é justamente à medida em que os anos passam que ganhamos mais e mais consciência desse processo, de modo que chegamos ao ponto de vê-lo desenrolar-se diante de nossos olhos… Nesse momento temos a suprema oportunidade de tomar as rédeas e controle de nossa própria vida, que até então era guiada e dirigida por sentimentos e emoções, reações… O desafio, portanto, passa a ser escolher… Exercer o arbítrio… Permitir a desonestidade e infidelidade alheia tornar-nos em pessoas inseguras e retraídas, ou dominar o resultado óbvio dessas interações e elevar-se acima da mediocridade.

Podemos continuar a ser bondosos e pacientes mesmo quando somos flagrantemente abusados e achincalhados... Podemos continuar a ser dedicados e fiéis mesmo quando traídos e enganados... Podemos continuar a ser amorosos mesmo quando odiados... Essas escolhas dizem muito mais respeito à nós e o legado que deixaremos do que às pessoas que, supostamente, se beneficiam de nosso desinteresse em revides... E à medida que os anos se desenrolarem histórias serão contadas, podemos ser os protagonistas ou coadjuvantes de nossas próprias vidas, aqueles que agem ou os que recebem ação...


Portanto, que hoje e sempre sejamos conscientes quanto à maneira que o que presenciamos e experimentamos nos afeta, e que sejamos sábios o suficiente para sermos o melhor de nós e não sucumbir à obviedade da humanidade.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

O "verdadeiro" amor

Qualquer tolo pode tentar definir o que é esse sentimento, cujo qualquer complemento em sua descrição é não apenas inútil, mas também inadequado… Sábios assumiram empreitadas menos ousadas, buscando identificar elementos que caracterizem o amor… Elementos esses que, embora atemporais, são descobertos e redescobertos diariamente por tolos, como eu e você, que com mais frequência do que deveríamos, enchemos o peito e bradamos saber o que é amar…

A paternidade, tal qual a maternidade, é um milagre em si só… Não apenas no sentido divino, mas talvez mais ainda no sentido humano, vez que é justamente aquilo que de mais humano em nós existente é afetado de forma mais intensa e duradoura…

Dentre as lições e privilégios dessa responsabilidade está a oportunidade de aprender a amar… O processo, no entanto, de aprendizado não poderia ser mais eficiente… Não aprendemos a amar pelo que fazemos, deixamos de fazer ou nossas intenções… Não aprendemos a amar por necessidade ou por interesse… Não aprendemos a amar por osmose ou por qualquer método didático ultra moderno… Aprendemos a amar pelo EXEMPLO…

É impressionante como amam as crianças… Não à toa as consideramos puras, e assim sendo, não poderia ser diferente seu amor… Amam de graça, amam com prazer e intensidade… E demonstram isso de maneira ímpar e singular…

É através do exemplo desses pequenos que aprendemos que quando amamos a outro, estamos preocupados é com as necessidade e interesses DELE e não nossos… Quando amamos, abraçamos, e não esperamos ser abraçados, beijamos e não esperamos ser beijados, servimos, e não esperamos ser servidos… É assim que ama uma criança e assim que deveríamos amar eu e você…

Esse amor… O puro amor, é naturalmente despido de orgulho ou egoísmo… É agradável e reconfortante… Traz um sentimento de pertencimento e satisfação… Aquilo que todos buscamos, mas que nessa busca incessante acabamos esquecendo de oferecer… Com isso amamos a nós mesmos projetando sobre os outros nossos interesses, aspirações e estendemos aos nossos relacionamentos o vazio que não conseguimos preencher…


Por isso, da próxima vez que pensarmos em declarar nosso amor a qualquer um que seja, que seja menor nossa tolice e avaliemos se amamos mais àquele a quem pretendemos dirigir nosso afeto, ou a quem aprendemos de tantas formas diferentes, ser a pessoa mais importante de nossas vidas… Nós mesmos…

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quando TODOS pagam por POUCOS!

7:00h em Natal, a PRINCIPAL Avenida da Cidade enfrenta congestionamento de talvez 2-3 QUILÔMETROS. Sem entender o que está acontecendo me conformo de que fugi de São Paulo para viver o pesadelo do trânsito no lugar mais improvável que poderia imaginar. Contorno carros, ônibus e caminhões carregando na minha “motoneta” duas das pessoas mais importantes da minha vida e injuriado com a falta de respeito e competência de diversos motoristas e motoqueiros…

Guio vagarosamente por mais alguns minutos até me deparar com carros desviando de algo no canto esquerdo da Avenida, logo entendo o que estava acontecendo, mais um acidente nessa via, o que tem se tornado mais frequente do que deveria. Alguns minutos mais tarde passo pelo “acidente”… Dois carros, um atrás do outro… Num golpe de vista rápido tento identificar a razão de estarem os motoristas dos automóveis de braços cruzados no canteiro central da Avenida… NÃO CONSIGO!

Explico: o carro da frente, que tinha acoplado a parte traseira um engate para “carreta” havia provavelmente sido TOCADO pelo carro que vinha logo atrás… TOCADO! Sim, pois não havia QUALQUER dano que justificasse aquele comportamento.

Pondero um pouco mais e me lembro onde estou e no meio de quem me encontro… Pessoas sem QUALQUER capacidade de resolver seus conflitos… Aí me lembro porque faço Direito e porque a Justiça é TÃO abarrotada de processos de TODOS os tipos e dos mais irrisórios valores. Aí me lembro porquê não interessa quantos juízes, defensores públicos, Advogados, Bacharéis em Direito o país possua, JAMAIS superaremos essa morosidade da Justiça, tudo por conta de um ou outro, que na verdade são muitos ou quase todos, ANIMAIS que não são capazes de apertar a mão um do outro, abrir a carteira e entregar R$ 50,00 - R$ 100,00 ESPONTÂNEAMENTE para resolver um conflito simples e evitar que CENTENAS sejam prejudicados…

Essa minha revolta é antiga e não a toa é tema da minha Monografia para conclusão do curso de Direito. Espero, no entanto, ser capaz de um dia, não apenas escrever, mas transformar essa realidade de alguma forma… Enquanto isso, TENHAMOS CONSCIÊNCIA SOCIAL, e pensemos um pouco menos em nós quando metade do MUNDO está sendo prejudicada.
Aquele Abraço!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Perdendo Direitos!


Posso ser pai de primeira viagem, mas não me sinto nem um pouco perdido ou confuso quando se trata de educação e ou orientação de filhos. Talvez isso se deva aos excelentes exemplos que tive no decorrer da minha vida, meus pais, amigos, líderes da Igreja dentre outros. Não pressuponho ser um pai perfeito, mas não nego ter prazer na paternidade, o que me permite ter um olhar mais atento e cuidadoso aos pequenos detalhes da criação do meu pequeno bolseiro, que em breve receberá uma bolseirinha para acompanha-lo em suas aventuras.

Nas minhas observações e ponderações a respeito da pedagogia que é aplicada na educação de crianças tanto no passado quanto no presente, cheguei a uma, dentre várias conclusões que tem me perturbado sobremaneira nas últimas semanas. 

Não há que se discutir que crianças são seres angelicais, ainda que “diabólicas” que são enviadas a Terra para crescer e aprender através dessa experiência mortal. Nós como pais somos responsáveis por auxiliá-las nos primeiros passos e no lançamento das fundações de seu caráter, algo que as acompanhará por toda a vida. Diante dessa preocupação muitas técnicas e métodos de ensino são aplicados: palmadas, castigos, premiações, suborno, chantagem emocional, assédio moral e etc...

Uma dessas técnicas que mais tem me incomodado nos últimos tempos é justamente a que por muitos é defendida na intenção de substituir a “palmada”, a história do “castigo”, ou como outros chamam, “perder o direito”. Cada dia que passa essa “pedagogia” que já vi ser aplicada em ESCOLAS (privadas, particulares, PAGAS) faz menos sentido para mim, ora, você vira para a criança e em outras palavras diz:

“Se você NÃO fizer algo que EU quero, você NÃO terá direito de fazer algo que VOCÊ quer...”

O problema dessa “pedagogia” começa justamente com o fato de a maioria dos pais presumirem ERRÔNEAMENTE aquilo que a criança quer, afinal de contas, desde quando criança tem que ter vontade não é? Esse é um dos grandes indícios da Ditadura Absolutista dos Pais.

O que me impressiona MUITO é que esse tipo de abordagem é aplicada em crianças mesmo de 1, 2 ou 3 anos de idade, cuja memória é mais curta do que uma cabeça de fósforo. Aí o pai/mãe vira para o filho/filha e diz: “Se você NÃO tomar banho AGORA (afinal só quem sabe a hora certa de fazer as coisas são os pais) você NÃO vai poder assistir TV..”A criança chora, esperneia e o pai/mãe contrariados sentenciam: “Você perdeu o direito...”EXCELENTE... 5 minutos depois a criança está ligando a TV e levando uma palmada ou uma bronca DAQUELAS sem sequer saber a razão... Os pais com excelente razoabilidade viram para o infante e dizem: “Lembra que... bla bla bla bla... (sim, é isso que eles ouvem...)” No final todo mundo se contraria e lição nenhuma é ensinada/apreendida.

Quão melhor não seria se numa situação semelhante utilizássemos a fórmula:

“Se você fizer algo que eu quero, você poderá fazer algo que você quer...”

Peraí! Quantos “nãos existem nessa frase? Sim, NENHUM! Essa abordagem premia um comportamento adequado e mostra que recompensas dependem de um preço... Ou seja, ao invés de ameaçado de PERDER, a criança é ameaçada a GANHAR alguma coisa... Será que isso faz alguma diferença?

Na minha humilde experiência isso desenvolve uma capacidade de decisão muito maior e uma maturidade muito mais apurada nas crianças. Elas são tratadas como iguais, assim como fazemos com QUALQUER negociação com um par,  afinal de contas ninguém chega para o chefe no trabalho e ameaça: “Se você NÃO me der um aumento eu NÃO venho trabalhar mais...” ou faz? Diferentemente “oferecemos”: “Se você me der uma aumento eu vou trabalhar melhor e produzir mais...”

Por fim, é esse conceito de par que deve ser trabalhado melhor em nossa sociedade, eliminando essa visão de crianças inferiores e objetos a serem manipulados para elevá-las a uma posição mais adequada a sua natureza divina.

Aquele Abraço!

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Manda quem PODE?

Escrevo esse post como um desabafo diante de um sociedade cada vez mais estúpida e ridícula...

Desde sempre tudo o que a humanidade parece buscar é um poder que lhe permita dominar... Dominar algo, alguém... Dominar... Estudamos, trabalhamos e em alguns casos até temos filhos com o intuito oculto de Dominar... Mandar, sentir-se, fazer-se superior... Tudo isso para que? No final das contas os melhores líderes que existem não mandam em ninguém. Tome Cristo por exemplo, tudo o que ele fez foi CONVIDAR: "Vem segue-me..." e centenas o fizeram, alguns mesmo abandonaram tudo o que tinham e eram para seguir aquele cuja autoridade era tão contestada pelos "sábios e inteligentes" de sua época...

Liderar é muito mais do que exercer domínio... A célebre frase: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo" descreve de forma bastante simples a visão arcaica que temos da liderança, um comportamento quase ditatorial, que, como sociedade lutamos durante séculos para abolir.

Essa realidade se apresenta diariamente quando nos sentimos frustrados diante de uma ordem desobedecida. Isso é  ainda mais claro nas relações parentais, ou você acha mesmo que é a raiva que leva um pai ou uma mãe a bater em seu filho, as vezes de forma COMPLETAMENTE desproporcional ao comportamento do infante, e falo desproporcional sim, mesmo assumindo o risco de enfrentar (falsos) moralistas que enchem a boca para dizer que não existe repreensão física proporcional.. Quanto a isso nunca me esqueço de uma lição há muito apreendida :
41 Nenhum poder ou influência pode ou deve ser mantido em virtude do sacerdócio, a não ser com apersuasão, com blonganimidade, com brandura e mansidão e com amor não fingido;

  42 Com bondade e conhecimento puro, que grandemente expandirão a alma, sem ahipocrisia e sem bdolo
  43 aReprovando prontamente com firmeza, quando movido pelo Espírito Santo; e depois, mostrando então um bamor maior por aquele que repreendeste, para que ele não te julgue seu inimigo;
  44 Para que ele saiba que tua fidelidade é mais forte que os laços da morte.
(Doutrina e Convênios 121:41-44)

É justamente pelo  acima grifado que jamais repreendo ninguém no momento da fúria, porque nesse momento é simplesmente impossível reprovar com firmeza e EM SEGUIDA demonstrar amor maior. No momento de fúria tudo o que fazemos é justamente extravasar a FÚRIA, sem QUALQUER teor pedagógico. Não estamos preocupados em ensinar, mas sim em deixar claro que a desobediência nos indignou, nos revoltou, nos chateou, nos entristeceu... Isso se aplica muito bem tanto à criação de filhos quanto aos negócios, o princípio é o mesmo.

Mas aí o mais cético dirá: "Como a sociedade então viverá sem quem mande...?" A questão toda gira em torno de um conceito que já deveria há muito estar extinto, o conceito de que o homem existe para receber a ação. Desde que nascemos somos treinados a receber ordens: "Faça isso! Não faça aquilo!" Somos podados em nossa própria essência desde o berço. Somos ensinados que não somos capazes de decidir o que queremos ou o que gostamos, alguém superior a nós tem de fazê-lo, para nosso próprio bem e segurança. Aí, quando completamos 18 anos, como que num passe de mágica nos tornamos capazes de dirigir nossas vidas, e não apenas carros. Será que só eu me espanto com essa pretensão infantil? Como esperar que uma pessoa que cresceu sem ter o direito de tomar parte nas decisões relacionadas a sua própria vida e existência pode, de uma hora para outra, ser capaz de decidir QUALQUER COISA? Agora faça uma projeção dessa realidade no mercado de trabalho, na Universidade, na política e na sociedade como um todo...

Sei que esse texto pode estar um pouco desconexo e sem sentido, mas não posso mais me silenciar por causa das minhas limitações linguísticas. Prometo retornar à esse post e editá-lo, escrevê-lo, mas enquanto isso não acontece, por favor, fiquem a vontade para compartilhar seus pensamentos e impressões.
Aquele Abraço!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Verdade Mente?

Já pensou em viver em um mundo onde a mentira simplesmente não existe? Já pensou em como seria uma sociedade assim? Bem, essa foi a proposta de Ricky Gervais em sua bela obra "The Invention of Lying" (O Primeiro Mentiroso).

O filme possui uma beleza muito peculiar, algo que toca e chama a atenção para muitas das características e comportamentos mais "naturais" da humanidade. Uma "película" que vale a pena assistir e sobre a qual vale a pena refletir... E é basicamente esse exercício de reflexão que compartilho com vocês.

Ao procurar uma imagem para expressar a idéia desse post me deparei com a que esta acima e ela simplesmente me atingiu como um soco no estômago: "A Verdade Mente". Na verdade vivemos em uma sociedade hipócrita que clama pela verdade quando simplesmente não consegue/sabe lidar com ela. Nos iludimos dizendo para os outros que esperamos honestidade quando na verdade tudo o que queremos é ser agradados, ou seja queremos "verdades mentirosas".

Esse debate, no entanto, não é nada recente. No passado filmes como "O Mentiroso" de Jim Carey ou mesmo o quadro do Fantástico "O Super Sincero" nos mostram quão mal lidamos com a opinião e pensamento alheios e quão difícil é para nós termos apontadas nossas falhas e limitações, dessa forma que saída há que não criarmos uma realidade paralela em que somos educados a fazer aquilo que nos acostumamos a chamar: "politicamente corretos"? A grande armadilha dessa escolha reside na subjetividade desse conceito, que em diversos momentos e para diversos sujeitos assumiu contornos completamente diferentes na história e mesmo hoje em dia, tudo porque somos ensinados a "fazer" e não "ser" "zoon politikon" ("animal político" para os antigos gregos).

Com isso andamos na corda bamba, pois, ainda que a mentira, diferentemente do filme, esteja entre nós desde os primórdios da humanidade, não aprendemos a lidar com ela apropriadamente, podemos fazê-lo por algum tempo, mas no final, ainda que no final MESMO, desabamos e de um jeito ou de outro acabamos por desvelar quem realmente somos e aquilo que realmente pensamos ou sentimos, talvez porque tudo o que temos que fazer não é aprender a lidar com a mentira, mas sim a lidar com nós mesmos.
Aquele Abraço!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Desconstruindo Esteriótipos

E quando o "errado" é necessário...?

Recentemente, como de costume nessa época do ano, tive o prazer de participar da UNISIM (Simulação Inter Mundi da UNI/RN, antiga FARN), que já está na sua VI edição. Ainda que já houvesse participado de outras simulações no passado, essa foi diferente, porque a perspectiva abordada foi completamente nova. Eu, acostumado a simular Comitês Internacionais, pela primeira vez simulei um Tribunal, uma experiência extremamente enriquecedora.

O caso em questão foi o da Itália x Brasil na CIJ (Corte Internacional de Justiça) sobre a extradição do ex-ativista Italiano Césare Battisti. Sem querer adentrar desnecessáriamente no caso, basta-me dizer, que por crenças pessoais, me "candidatei" a representar um dos Advogados da Itália, defendendo a extradição do acusado. Muito para minha surpresa acabei sendo designado como Advogado do Brasil, tendo que defender sua NÃO-extradição. A priori houve o conflito, afinal de contas, como defender algo em que não se acredita? O desafio, no entanto, não tinha NADA a ver com isso.

Como sociedade frequentemente nos deparamos com casos de criminosos sem escrúpulos e/ou corruptos famosos que são defendidos veementemente por seus Advogados. Um dos casos mais recentes é o do "Mensalão" sendo julgado mesmo agora pelo STF. Muitas vezes questionamos: "Como pode alguém dispor-se a defender esse tipo de criminoso? Por que tipo de princípios são norteados?", em outras palavras, atacamos a PESSOA, sem pensar seriamente naquilo que ela está REALIZANDO.

No passado, não muitos séculos atrás ainda tínhamos resquícios de um absolutismo que vedava QUALQUER possibilidade de defesa a QUALQUER pessoa. Dessa forma, tanto criminosos quanto inocentes eram condenados de igual maneira sem QUALQUER diferenciação. QUALQUER pessoa com "meio-cérebro" concordaria que isso é um absurdo. O detalhe que muitas vezes não percebemos é que ao condenar Advogados de Defesa que atuam mesmo em favor de criminosos evidentes, estamos clamando por um estado semelhante aquele que arremessava mulheres no rio amarradas a pesos para descobrirem se eram bruxas caso sobrevivessem ou inocentes caso morressem. Será que é para isso que tantos morreram em eventos históricos como a Revolução Francesa e, mais próximo de nós, durante a Ditadura Militar?

Na verdade, a defesa  no processo penal é um grande serviço realizado à democracia, garantindo que, mesmo condenados recebam tratamento adequado e proporcional ao delito que cometeram. É óbvio que nosso sistema está repleto de falhas que acaba por permitir a impunidade, com a qual não posso coadunar, mas essa culpa não pode ser imposta sobre aqueles que na verdade permitem que o sistema funcione de maneira MINIMAMENTE justa e equânime.

Por fim, confesso que, meu preconceito pelo Direito Penal e em especial pelo Advogado de Defesa caiu por terra depois dessa experiência em que tive a oportunidade de aprender, de forma prática, que mesmo aos piores criminosos é preciso garantir determinados direitos para a manutenção do equilíbrio de um Estado Democrático de Direito.
Aquele Abraço!